Tuesday, June 07, 2005

o drama imutavel da existência

oiço os cães ladrarem lá longe onde a chuva cai imparável, pelo vidro da minha janela. oiço-os quando meto mais um bocado da minha panqueca à boca. não param, não têm socessego. afinal a minha casa não tem janela. olho com atenção, mas afinal não estou numa casa. onde estou entao? não me sinto perdida e o meu sentido de orientação diz-me que estou onde devias estar. o problema não deve ser meu. eu estou no sitio certo, o mundo que me rodeia é que mudou de lugar. Típico! muda sempre sem me avisar pa me deixar em ondas de confusão e desespero. desta vez não é o caso. não percebo. nem sequer reajo normalmente. desta vez é que estou lixada!
ouço alguem a tocar jazz no jundo da rua. o sol está a pôr-se e a escuridão começa a instalar-se.
estou à beira mar e vejo os pescadores a chegarem a terra com as suas redes cheias de peixe.
As ondas batem ao de leve na areia e algures no céu voam gaivotas em girculos. andam numa roda viva à volta dos pescadores. junto-me a eles e ajudo-os a descarregarem o peixe. afinal estou numa praça e ouço mulheres fortes a gritarem alto pregões. parecem que cantam ópera. belas vozes agora rodeadas de uma orquestra imponente conduzida por um maetro. afinal o maestro sou eu e o espetáulo que se desenrola a minha triste existência.
Um homem, Niels Bohr, levanta-se da plateia e diz:


"o homem é, ao mesmo tempo. espectador e actor no grande drama da existência"

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