Camminiamo una sera sul fianco di un colle,
In silenzio. Nell'ombra del tardo crepuscolo
Mio cugino è un gigante vestito di bianco
Che si muove pacato, abbronzato nel volto,
Taciturno. Tacere è La nostra virtù.
Qualche nostro antenato dev'essere stato ben solo
- un grand'uomo tra idioti o un povero folle -
per insegnare ai suoi tanto silenzio.
Certa tarde caminhamos pela encosta de uma colina,
em silêncio. À sombra do crepúsculo em declínio,
o meu primo é um gigante vestido de branco,
que avança devagar, de rosto bronzeado,
taciturno. Ali, o silêncio é a nossa força.
Muito só deve ter vivido um dos nossos antepassados
- um grande homem rodeado de imbecis ou um infeliz louco-
para transmitir aos seus tão profundo silêncio.
CESARE PAVESE "I mari del Sud" in lavoarre stanca.
Thursday, September 29, 2005
Thursday, September 22, 2005
Thursday, September 01, 2005
Era uma vez...
Era uma vez... assim começam todas as histórias de crianças, as histórias de embalar e as histórias pa sonhar... No entanto poucas são as pessoas que podem dizer: a minha história começou com «era uma vez...»; poucas são as pessoas que conseguiram viver um verdadeiro conto de fadas...
Era uma vez, à muito muito tempo, no reino das fadas e dragões, um cavaleiro destemido e uma bonita princesa. Era uma vez uma bruxa má e um feiticeiro bom... Era uma vez uma guerra entre o bem e o mal e a divisão do mundo... Era uma vez um anão e um gigante... Era uma vez uma paixão doentia e um ódio de morte... Era uma vez um velho sábio e uma criança inocente... Era uma vez a história que os ligava a todos e os separava...
Era Inverno, e como todos os invernos na terra dos sonhos, nevava... pequenos flocos de pura neve deixavam todos os telhados da cidade brancos, dando-lhe a aura mística das histórias contadas à lareira.
Nessa noite tinham ouvido em silêncio a história de Viviane, uma pequena princesa muito bonita que fugira do seu castelo e, renunciando à sua beleza enfrentara tigres e ladrões tornando-se numa feroz guerreira.
Todos tinham estado em silêncio ouvindo aquele conto que passava de geração em geração, e que, assim como aquele antigo ancião lhes tinha contado, eles também o contariam uma dia ao seus netos, passando e embelezando o conto para as seguintes gerações.
A noite estava fria, e aquelas reuniões à volta da fogueira eram um ritual extremamente agradavel no Inverno.
Estavam ali todos os que naquela noite desde o mais novo ao velho ancião, e claro eu.
Esta história não é sobre mim, mas sobre todos os que conheci naquela altura. Tinha cerca de dez anos quando me sentei aquela lareira e ouvi pela primeira vez a história de Viviane, e cerca de noventa quando me levantei para sair após ter contado a história aos meus netos.
Os anos passaram, e pouco dei por eles, pois naquele Inverno em que ouvi a história da princesa Viviane, algo aconteceu na minha aldeia, algo que me mudou para sempre, pois penso ser o único a saber a verdade...
Quando o meu avô, ou o velho ancião, acabou de contar a história, alguém bateu três vezes à porta... Era normal naquela altura do ano os pedintes e os forasteiros baterem de porta em porta à procura de pão e abrigo por uma noite, e foi isso que aconteceu.
Como estava mais perto da porta e a minha família não acreditava em trabalho escravo ou empregados, fui eu próprio abrir a porta. Lembro-me de pensar que a porta era pesada, pois para uma criança aquelas velhas portas feitas de madeira maciça e ferro eram um trabalho difícil, mas como dizia o meu avó: isso só me tornou mais forte. Abri a porta com custo e logo vislumbrei uma figura esbelta com um sobretudo de viagem. A figura tirou o capuz, e à minha frente estava uma bela dama de cabelos muito pretos e pele morena, uma dama delicada que me pedia se a poderiamos acolher por uam noite.
Abri a porta de casa do meu avô como se fosse a minha, e ao mesmo tempo abri as portas do meu coração. Reconheço agora que não passava de uma criança, mas aquela imagem tirava qualquer sentido à razão e a mim tirou-me todo o raciocínio. Por isso convidei a dama a entrar em casa e levei-a à lareira onde ela, como uma de nós, se sentou no chão agradecendo a hospitalidade...
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