Thursday, September 29, 2005

Camminiamo una sera sul fianco di un colle,
In silenzio. Nell'ombra del tardo crepuscolo
Mio cugino è un gigante vestito di bianco
Che si muove pacato, abbronzato nel volto,
Taciturno. Tacere è La nostra virtù.
Qualche nostro antenato dev'essere stato ben solo
- un grand'uomo tra idioti o un povero folle -
per insegnare ai suoi tanto silenzio.


Certa tarde caminhamos pela encosta de uma colina,
em silêncio. À sombra do crepúsculo em declínio,
o meu primo é um gigante vestido de branco,
que avança devagar, de rosto bronzeado,
taciturno. Ali, o silêncio é a nossa força.
Muito só deve ter vivido um dos nossos antepassados
- um grande homem rodeado de imbecis ou um infeliz louco-
para transmitir aos seus tão profundo silêncio.


CESARE PAVESE "I mari del Sud" in lavoarre stanca.

Thursday, September 22, 2005


só uma coisa a dizer... GRANDE RAMBOIA!!!

Thursday, September 01, 2005

Era uma vez...

Era uma vez... assim começam todas as histórias de crianças, as histórias de embalar e as histórias pa sonhar... No entanto poucas são as pessoas que podem dizer: a minha história começou com «era uma vez...»; poucas são as pessoas que conseguiram viver um verdadeiro conto de fadas...
Era uma vez, à muito muito tempo, no reino das fadas e dragões, um cavaleiro destemido e uma bonita princesa. Era uma vez uma bruxa má e um feiticeiro bom... Era uma vez uma guerra entre o bem e o mal e a divisão do mundo... Era uma vez um anão e um gigante... Era uma vez uma paixão doentia e um ódio de morte... Era uma vez um velho sábio e uma criança inocente... Era uma vez a história que os ligava a todos e os separava...
Era Inverno, e como todos os invernos na terra dos sonhos, nevava... pequenos flocos de pura neve deixavam todos os telhados da cidade brancos, dando-lhe a aura mística das histórias contadas à lareira.
Nessa noite tinham ouvido em silêncio a história de Viviane, uma pequena princesa muito bonita que fugira do seu castelo e, renunciando à sua beleza enfrentara tigres e ladrões tornando-se numa feroz guerreira.
Todos tinham estado em silêncio ouvindo aquele conto que passava de geração em geração, e que, assim como aquele antigo ancião lhes tinha contado, eles também o contariam uma dia ao seus netos, passando e embelezando o conto para as seguintes gerações.
A noite estava fria, e aquelas reuniões à volta da fogueira eram um ritual extremamente agradavel no Inverno.
Estavam ali todos os que naquela noite desde o mais novo ao velho ancião, e claro eu.
Esta história não é sobre mim, mas sobre todos os que conheci naquela altura. Tinha cerca de dez anos quando me sentei aquela lareira e ouvi pela primeira vez a história de Viviane, e cerca de noventa quando me levantei para sair após ter contado a história aos meus netos.
Os anos passaram, e pouco dei por eles, pois naquele Inverno em que ouvi a história da princesa Viviane, algo aconteceu na minha aldeia, algo que me mudou para sempre, pois penso ser o único a saber a verdade...
Quando o meu avô, ou o velho ancião, acabou de contar a história, alguém bateu três vezes à porta... Era normal naquela altura do ano os pedintes e os forasteiros baterem de porta em porta à procura de pão e abrigo por uma noite, e foi isso que aconteceu.
Como estava mais perto da porta e a minha família não acreditava em trabalho escravo ou empregados, fui eu próprio abrir a porta. Lembro-me de pensar que a porta era pesada, pois para uma criança aquelas velhas portas feitas de madeira maciça e ferro eram um trabalho difícil, mas como dizia o meu avó: isso só me tornou mais forte. Abri a porta com custo e logo vislumbrei uma figura esbelta com um sobretudo de viagem. A figura tirou o capuz, e à minha frente estava uma bela dama de cabelos muito pretos e pele morena, uma dama delicada que me pedia se a poderiamos acolher por uam noite.
Abri a porta de casa do meu avô como se fosse a minha, e ao mesmo tempo abri as portas do meu coração. Reconheço agora que não passava de uma criança, mas aquela imagem tirava qualquer sentido à razão e a mim tirou-me todo o raciocínio. Por isso convidei a dama a entrar em casa e levei-a à lareira onde ela, como uma de nós, se sentou no chão agradecendo a hospitalidade...