Friday, July 21, 2006

"olhou-o nos olhos e, simplesmente, não o reconheceu. aqueles olhos outrora cheios de vida, de alegria contagiosa, de amor, agora pareciam frios, vazios, apagados. não reconhecia naqueles olhos, os olhos que conhecia de cor. não reconhecia na sua voz, o timbre que normalmente o levava em viagens por mundos fantásticos. não reconhecia na sua expressão, o sorriso que derretia corações.
não conseguia mais reconhecer nele aquela pessoa que, durante uns tempos, havia sido parte de si.
sentia-se triste e desapontado, mas com quem? com ele? consigo proprio? com o mundo?
ele não o reconhecia. ele havia mudado. ele era outro. ele quem?
ele o outro, ou ele, ele próprio? ele, o outro, estava diferente, mas a pergunta era: quem havia mudado? sentia-se na mesma, portanto o outro mudara. não, não, não! ele também devia estar diferente, havia já passado demasiado... demasiados momentos perdidos no tempo, demasiados sonhos maltratados, demasiadas angustias fugidas, esquecidas, apagadas.
mudaram.
não queria mudar, queria que tudo continuasse sempre na mesma, uma terra do nunca parada no tempo, um sitio onde ele, o outro, e ele, ele proprio, pudessem ser outra vez os mesmos.
queria andar com os ponteiros para trás e partir o relogio quando marcassem 10h.
- volta! - gritou"