Tuesday, October 25, 2005

pequeno trabalho de português...

Um passeio em Sintra

O dia não estava a correr bem, pelo que decidi acabá-lo lá para os lados de Sintra. Apanhei o comboio e depois boleia do simpático e silêncioso senhor Alberto (penso que era esse o seu nome).
Os silêncios da viagem fizeram a minha mente voar alto, e depressa me esqueci dos aborrecimentos do dia e do fernético movimento de Lisboa.
Assim que chegámos perto de Sintra, agradeci a boleia e decidi exercitar as pernas (que verdade se diga, com a humidade que fazia naqueles dias andavam um pouco “enferrujadas”). Iniciei então o meu passeio higiénico naquela estrada de Sintra, rodeado de árvores, envolto no canto dos pássaros e no acolhedor sol de fim de tarde..
Destacado por uma clareira invulgar, um casebre com um portaozinho de ferro forjado, tal qual conto de fadas, olhava para mim e observava todos os meus pensamentos. A minha mente, levada por aquela acesso de loucura, logo começou a imaginar um outro mundo, onde eu era a criança que olhava pela janela do andar de cima, ou a rapariga que olhava pela janela da cozinha enquanto esperava que o bolo estivesse pronto. Imaginei mil e uma histórias naqueles segundos que olhei para o casebre, e assim teria continuado toda a tarde se por mim não tivesse passado, a uma velocidade estranhamente lenta, um Chevrolet.
Já estava cansado de andar, e como o carro que por mim passou ia a uma velocidade lenta, decidi empenhar os meus esforços e dar uma corridinha até ao carro e pedir boleia.

De dentro do carro um senhor alto e quase moreno, com o cabelo liso e um monóculo olhou-me de lado, como se a interrupção da sua viagem fosse uma dádiva ou um tormento (ainda estou a tentar decidir-me).
Mas lá me deixou entrar no belíssimo exemplar que conduzia e me deixou acompanha-lo até Sintra.
Educadamente perguntei-lhe quem era, qual era o seu nome. Ao que respondeu: “Quem sou? Eu, eu mesmo... /.../Imperfeito? Incógnito? Divino?/Não sei.../Eu… Álvaro é o que me chamam...”.
Confesso que fiquei um pouco constrangido com a inesperada resposta, e ainda mais quando não me perguntou o meu nome, mas como já tinha viajado com um homem de silêncios decidi não me importar com o facto.
O meu companheiro de viagem chamava-se assim, Álvaro e conduzia com os olhos fixos no horizonte, lá onde o sol se começava a esconder por detrás das árvores.

Não sei se Álvaro se esqueceu da minha presença ou não, mas às poucas perguntas que lhe fiz respondeu-me sempre em verso. Aquela tarde, posso agora afirmar, foi das mais belas, mágicas e misteriosas da minha vida.


Após uns 10 minutos de silêncio decidi perguntar a Álvaro os motivos que o levavam a Sintra e se conduzia sempre assim devagar.

Vou passar a noite a Sintra por não poder passá-la em Lisboa, Mas, quando chegar a Sintra, terei pena de não ter ficado em Lisboa. Sempre esta inquietação sem propósito, sem nexo, sem consequência, Sempre, sempre, sempre, Esta angústia excessiva do espírito por coisa nenhuma, Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na estrada da vida...”

Fiquei sem palavras por não perceber se era uma justificação ou um desabafo, pelo que decidi deixar a conversa cair novamente no silêncio.

“...Devagar, porque não sei Onde quero ir. Há entre mim e os meus passos Uma divergência instintiva. Há entre quem sou e estou Uma diferença de verbo Que corresponde à realidade

Acabou a sua resposta com calma.
Durante a viagem disse-me que fugia de “Lisboa com suas casas/De várias cores” , da confusão do dia-a-dia e de si próprio “Minuto a minuto, emoção a emoção” . Fiquei a saber que era engenheiro naval e que estudara na Escócia. Partilhámos opiniões sobre arte e literatura. Álvaro mostrou-se um homem interessante, um poeta e acima de tudo um sonhador, estranhamente racional.
Completámos a viagem em silêncio, apreciando o rugir baixinho do motor que se dissolvia com som dos grilos, que haviam começado a cantar desde o cair da noite, as sombras das árvores, ao luar, projectadas no chão no sentido oposto ao que seguiamos. Seguiamos...:
Na estrada de Sintra, perto da meia-noite, ao luar, ao volante,
Na estrada de Sintra, que cansaço da própria imaginação,
Na estrada de Sintra, cada vez mais perto de Sintra,
Na estrada de Sintra, cada vez mais perto de mim...”


Antes de chegamos a Sintra disse-me:

À esquerda lá para trás o casebre modesto, mais que modesto. A vida ali deve ser feliz, só porque não é a minha. Se alguém me viu da janela do casebre, sonhará: Aquele é que é feliz. Talvez a criança espreitando pelos vidros da janela do andar que está em cima Fiquei (com o automóvel emprestado) como um sonho, uma fada real. Talvez a rapariga que olhou, ouvindo o motor, pela janela da cozinha No pavimento térreo, Sou qualquer coisa do príncipe de todo o coração de rapariga, E ela me olhará de esguelha, pelos vidros, até à curva em que me perdi. Deixarei sonhos atrás de mim, ou é o automóvel que os deixa?

Reflecti nestas palavras abruptas, ditas de forma sincera e filosófica à laia de despedida, reflecti nelas porque também a mim aquele casebre me despertou o sonho. Reflecti nelas, como agora reflicto sobre aquela tarde em Sintra, em que conheci Álvaro de Campos, e pela primeira vez tomei conhecimento da sua poesia.
É fantástico como quando conhecemos alguém todas as pequenas palavras tomam um significado especial e mágico.

Deixou-me em Sintra, à beira da estrada, e acelerou. Gritou-me já do fundo da estrada:
Acelero... Mas o meu coração ficou no monte de pedras, de que me desviei ao vê-lo sem vê-lo
Que quereria ele dizer? Não o soube na altura e continuo sem sabê-lo...

Há muitos anos, uma parte de mim, conheceu Álvaro de Campos, poeta, engenheiro, filósofo, homem. Passeou com ele pela estrada se Sintra, e juntos sonhámos uma vida naquele pacato casebre do portão de ferro. Nunca mais, eu ou alguma parte de mim, viu Álvaro, mas sinto que naquela tarde, apesar de não termos trocado muitas palavras, trocámos fragmentos de alma e silêncios cheios.

Thursday, October 06, 2005

"a gaca pos a rosa no gaso
e dps fugiu c o peixinho larana k taga no aquário
onde hagia um castelo d fadas e anafadas lusidias
que dps fizeram uam regolta contra o sindicato ds tubarões
k se associaram aos mentolitos
e estragaram a festa rija dos xupa xupa
foi uma gand desgraxa!"


- [ oh brother can you help me out..?] -:
ondek ela anda....perdida no oceano...mas pensei k alguem t tnha dado uma bussula!


"deram deram mas..."

- [ oh brother can you help me out..?] - :
a vaca pos no lixo?

"partiu-se kuand o elefante passou por mim e comexou a discutir c o rinoceronte!

- [ oh brother can you help me out..?] - :
ahhhhhhhhhhhhhh....entao n foi a vaca inteligent

"foi mt xat pk nessa altura eu ia pa sul e perdi o norte!"

[ oh brother can you help me out..?] - :
isso e sempre uma grand xatice!
pk no nort temos o verd e o branco!

"poix e tb o azul"

- [ oh brother can you help me out..?] - :
em part... mas tbm e bue fix o cinznet!

"o cinzent e o amarilo, mas exe já n dá ca vaca que é roxa e branca e k fugiu c o peixinhu cor d laranja"

- [ oh brother can you help me out..?] - :
ah pois é! a sacana da vaca e tao inteligent....!
URSO
urso polar!
ai está!

"urso ahh entao foi um urso.. mas ele morreu e eu tenhu d ir"

[ oh brother can you help me out..?] - :
ma so meu nom pa por é urso do mar!
mentira
urso polar

"uso do mar pk era amig do peixinho... claru!!
revelaxao cosmica
interferencia fui"


- [ oh brother can you help me out..?] - :
eu pensei nixo....mas dps podia dar po tort e sair uma abelha...o k ja n tem nd a ver c peixe!
nem urso

"oh.... talvez.... voltei!!!! morri!"


- [ oh brother can you help me out..?] - :
si djicidji
se djicidji

Monday, October 03, 2005

nada

sinto-m pequena, uma liliputiana, a olhar para um mundo de gigantes, a ter de correr em vez de andar para acompanhar os que me rodeiam.
sinto um mundo à roda na minha cabeça, um mundo sem sentido lógico, sem ranzão, um mundo sem Norte e sem Sul, um mundo grande e pequeno, um mundo que estica e encolhe. Sinto-o como se fosse uma bola nas mãos de uma criança... o meu mundo anda de mão em mão entre a mente e o coração e não pára nunca. recusa-se a ser meu. quer conquistar o mundo e sinto-o a tentar fugir-me. e corro, e salto para o apanhar e torna-se um jogo sem fim e sem início, um jogo sem nexo e sem piada que me entretem e diverte de mórbida maneira.
corro como louca agora não para apanhar o meu mundo, mas para apanhar o autocarro que decidiu não parar, decidiu descer a rua e não me levar. tudo segue sem notar a minha ausência, nada pára e nada nota em mim. hoje sinto-me insignificante: uma migalha numa mesa suja, uma gota de água no oceano, o nada do tudo.
perdi-o mais uma vez, parece um pesadelo sistemático que inciste em sair do mundo mágico em que vive e passar ao real. sento-me no passeio, agora cansada, e olha à minha volta: a correria do dia a dia, a ritmo alucinante que inciste em acelerar ao som de um metrónomo, tic tac tic tac tic tac, o relógio que irrita o fundo do meu ser, o beijo fugidio que é trocado numa esquina, o autocarro, a vida... tudo isso me escapa e foge de mim...
agora levanto-me, ergo a cabeça, sorrio perante a minha insignificância e estupidez e sigo calmamente os passos do autocarro que insiste em ir a um ritmo acelerado à minha frente, a abrir-me o caminho para o nada e para o tudo.
o meu mundo acalma e reconhece que não é nada e que nada é o seu tudo.