Tuesday, April 12, 2005

diário de uma liliputiana - dia 2

sinto algo quente e húmido contra o meu braço. estranho... estarei ainda a dormir? o mundo já tem cores. olho para o meu braço mas não está lá nada... não percebo. também não me preocupo mais.
volto a sentir uma pequena pressão no meu braço. acordo. sento-me. o mundo continua sem cor ou som, à minha frente está um coelho branco com uns olhos verdes...
é perturbante. todo o mundo sem cor e este coelhinho com uns olhos tão vivos e coloridos. não me dou tempo para pensar. mas... será que este coelho é o mesmo que aquele que vi antes de adormecer? ele inclina a cabeça para o lado lado como que a concordar... é ele. não me restam dúvidas quanto a isso, mas terá ele lido a minha mente? abro a boca para lhe perguntar, mas da minha garganta não sai som nenhum... desilusão.
ele continua parado à minha frente e só agora reparo numa pequena bússula que ele tem debaixo da sua pata direita. uma alegria imensa apodera-se de mim! ele encontro-a! ele encontrou a minha bússula.
pego nela e examino-a para ter a certeza... lá está ela a indicar o meu Norte...
olho à minha volta e como se estivesse numa pintura vejo o sol a ganhar cor e esta a espalhar-se por tudo que me rodeia. também começo a ouvir sons! tudo de volta tudo normal.
continua a olhar à minha volta e a ver o cinzento, o preto e o branco a desaparecer, desaparecem à minha volta, e vai-se formando um circulo cada vez mais pequeno.
olho para as minha mãos. começam a ter a cor pálida da pele e sai dos meus dedos um fio prateado que está a ser absorvido pelo coelho branco.
os seus olhos começas a ter um verde mais pálido até que ficam cinzentos.
todo o meu mundo ganhou cor com a minha bússula, menos aquele coelho. porquê que me sinto tão mal? afinal a bússula era minha, mas não consigo evitar sentir que lha roubei. tirei-lhe o seu norte e ele agora está ali parado, qual estátua de pedra, a olha para mim com a cabecita de lado e com pânico e desespero reflectidos nos olhos.
penso devolver-lhe a bússula. uma pequena borboleta desce dos céus, parece uma deusa em miniatura, e poisa ao lado do coelho. que contras-te de cores a borboleta nos tons de rosa, vermelho e laranja contra um fundo branco. que quadro bonita se eu ao menso tivesse aqui os meus pinceis...
intrepreto isto como um sinal... vou devolver a bússula ao coelho. é-me tão díficil devolver-lha!
poiso a minha bússula no chao e olho mais uma vez para o meu norte. não este não é o meu norte. já me foi tirado e agora pertence a outro ser. espero que lhe signifique tanto como a mim.
levanto-me e parto em direcção ao mar, deixando para traz a borboleta, o coelho e a mi... sua bussula.
"o caminho é em frente" sempre me disse alguem. sigo-o. vou procurar outra bússula. o meu mundo começa novamente a ficar nos tons de cinzento. olho para trás e vejo o coelho branco com uma borboleta cinzenta clara e escura poisadaao lado, e uns lindos olhos verdes que me dão forças para continuar.
"o caminho é em frente" repito para adquirir forças para esta nova jornada... apesar de nenhum som me sair pela boca.

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