Friday, October 20, 2006

"voltou a ser atormentado pelo tempo... esse inconstante conceito que flui entre os dedos como areia, do nada para o nada, do nunca para o sempre...
voltou a ser atormentado por aquele sentimento de rapidez, de desgraça, de nada...
sentiu-se cinzento, como há muito ninguém o fazia sentir, e derramou um única lágrima de prata, que lhe escoreu pela face de veludo e morreu na sua boca...
atormentando-o o simples facto do tempo correr, por vezes, sem ele... perdeu-se numa roda viva de cores que, como por magia, se tornou numa película de filme a preto e branco onde estava a ser gravada a sua existência.
estava preso àquela película, agora, também ele, era uma mera personagem, comandada por fios invisíveis que o faziam errar, sofrer, matar... ouvia as vozes de comando na sua cabeça que o faziam avançar e actuar. não podia desobedecer...
sentia-se preso numa bola de cristal no topo do mundo: através dela podia ver tudo o que se passava, mas não conseguia sair. era mais uma vez prisioneiro da sua própria existencia onde não conseguia impedir-se a si próprio de seguir as vozes, inevitáveis como o fluir do tempo...

as vozes falam sempre mais alto
"

No comments: