Saturday, September 23, 2006



Parem os relógios, calem o telefone
Evitem o latido do cão com um osso
Emudeçam o piano e que o tambor surdo anuncie
a vinda do caixão, seguido pelo cortejo.
Que os aviões voem em círculos, gemendo
e que escrevam no céu o anúncio: ele morreu.
Ponham laços pretos nos pescoços brancos das pombas de rua
e que guardas de trânsito usem finas luvas de breu.

Ele era meu Norte, meu Sul, meu Leste e Oeste,
Meus dias úteis, meus fins-de-semana,
meu meio-dia, meia-noite, minha fala, meu canto.
Eu pensava que o amor era eterno; estava errado.
As estrelas não são mais necessárias: apaguem-nas uma por uma
Guardem a lua, desmontem o sol
Despejem o mar e livrem-se da floresta
pois nada mais poderá ser bom como antes era.


W. H. Auden

3 comments:

Anonymous said...

K coisa mais deprimente!
Onde foste arranjar isso?
Alguma crise depressiva?
Podes sempre recorrer ao chocolate!
Adoro-te!
*****

Unknown said...

Vi esse poema num filme, não me lembro qual, mas sem dúvida é um dos mais bonitos que já vi. É horrível perder um ente querido, mas esse dia vai chegar mais cedo ou mais tarde. E com certeza um chocolate não vai consolar, como o Monstro Verde sugeriu...

Anonymous said...

o filme é Quatro casamentos e um funeral. E concordo que não há chocolate que baste.